sábado, dezembro 29, 2007

Tempo



És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Vou te fazer um pedido
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Entro num acordo contigo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
És um dos deuses mais lindos
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Ouve bem o que te digo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Quando o tempo for propício
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
E eu espalhe benefícios

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Apenas contigo e comigo
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Não serei nem terás sido

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Num outro nível de vínculo
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...



Meu jovem Príncipe, me perdoe... por me deixar cativar...

E foi então que apareceu a raposa:
__Bom dia,disse a raposa.
__Bom dia,respondeu polidamente o principezinho,que se voltou,mas não viu nada.
Eu estou aqui,disse a voz,debaixo da macieira...
__Quem és tu?perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
__Sou uma raposa,disse a raposa.
__Vem brincar comigo,propôs o principezinho. Estou tão triste...
__Eu não posso brincar contigo,disse a raposa. Não me cativaram ainda.
__Ah! desculpa,disse o principezinho. Após uma reflexão,acrescentou:


__Que quer dizer "cativar"?


__Tu não és daqui,disse a raposa.Que procuras?
__Procuro os homens,disse o principezinho.Que quer dizer "cativar"?
__Os homens,disse a raposa,têm fuzis e caçam. É bem incômodo!Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem.Tu procuras galinhas?
__Não,disse o principezinho.Eu procuro amigos.Que quer dizer "cativar"?


__É uma coisa muito esquecida,disse a raposa.Significa "criar laços...".


__Criar laços?
__Exatamente,disse a raposa.Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.E eu não tenho necessidade de ti.E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativas,nós teremos necessidade um do outro.Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

__Começo a compreender,disse o principezinho...Existe uma flor...eu creio que ela me cativou...
__É possível,disse a raposa.Vê-se tanta coisa na Terra...
__Oh! não foi na Terra,disse o principezinho.

A raposa pareceu intrigada:
__Num outro planeta?
__Sim.
__Há caçadores nesse planeta?
__Não.
__Que bom.E galinhas?
__Também não.
__Nada é perfeito,suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia:


__Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também.E por isso me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca,como se fosse música. E depois,olha! Vês lá longe,os campos de trigo? Eu não como pão.O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo,que é dourado,fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
__Por favor...cativa-me! disse ela.

E continuou:

- Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

__Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
__A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo,cativa-me!
__Que é preciso fazer?perguntou o principezinho.

__É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei para o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas,cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

__Teria sido melhor voltares à mesma hora,disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, ais eu me sentirei feliz. Às quatro horas então,estarei inquieta e agitada:

descobrirei o preço da felicidade!

de Antoine Saint-Exupèry, A raposa e o Príncipe



sexta-feira, dezembro 28, 2007

Feliz Ano Novo

MSF tem uma clínica móvel para tratar casos de malária. No período da seca, a equipe usa caminhões para se deslocar e na estação chuvosa, barcos. Se o paciente estiver em má condição, a equipe o leva para passar a noite recebendo tratamento. No final do dia, mãe e filho são levados a um hotel para passar a noite com MSF. O menino está muito doente para ir para casa. Mianmar (Marco van Hal)

Que esse momento de passagem faça-nos lembrar que somos todos membros de um único corpo - Terra - e que não devemos continuar a adoecer por negligência.

Que a falta de saúde física, moral e intelectual seja dirimida de todos corações em 2008.


quinta-feira, dezembro 20, 2007

Meu bichano

Rapá! Que coisinha!

Não resisti a esse cuti cuti e adotei o tigrinho! O nome dele é Boni, de Bonifácio.

Mexa com o mouse sobre ele. Vai brincar com você. E no lado direito d espacinho dele tem um pedaço de carne. Pegue e aproxime dele. Vai comer tudinho!

Estou tão sensível a ele! Será o espírito de Natal!?

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Ainda mais sobre meu umbigo


Afora perceber que pouco conheço o mundo além de meu umbigo, e por vezes até ele me soar estranho, volto a falar sobre minhas idiossincrasias.

Tenho falado demais. Nooooosssssa como tenho falado! Estou incomodada pelo tanto que estou falando.

Escrever são outros quinhentos. Há uma vírgula de pensamento no ato de escrever.

Agora... a boca quando se movimenta... eita bichinha sagaz! A língua cria vida dentro da boca, e tasca-lhe articular palavras... Um descontrole!

Para 2008 um dos propósitos será falar menos. Mies van der Rohe é que está certo - "menos é mais" sempre!

Depurar. Destilar. Reduzir. Meditar...

segunda-feira, dezembro 17, 2007

O simples


Tenho cá minhas idiossincrasias.

Tantas vezes as coisas estão caindo à tijoladas sobre minha cabeça e nem sinto. Por outras, como hoje; um fragmento de música, singela, sutil, delicada feito pluma - me derruba, faz faltar-me o ar!

I'm stuck here in the darkness
Blinded by all the light
Eu estou preso aqui no escuro
Cego por tanta luz

E não é de hoje, que essa imensidão me cega!

É tanto exagero de detalhes, de nuances, de querenças, de humores, de desejos, de sofreguidão... É tudo tão hiper-mega-blaster-master-ultra-super-over! É luz demais para poder enxergar qualquer coisa!

Por favor - luz de abajur, murmúrio de água, chocolate quente, banhinho tomado, baby doll e meias brancas...

Desejo "menos" para todos essa semana!


quarta-feira, dezembro 05, 2007

A cordialidade e o cordeirismo

Na Veja de 28 de novembro, Stephen Kanitz aborda um dos meus temas preferidos - A Verdade.

Sob o título de "Como combater a arrogância", discorre acerca das posturas daqueles que ocuparam por mais tempo bancos escolares, ou bancos escolares extremamente caros por todo o mundo. Essas pessoas em geral, são irredutíveis no preconceito de que sempre sabem o que é certo e portanto são inquestionáveis.

A meu ver, o mais interessante é a colocação de que, no Brasil, a tal cordialidade que nos caracteriza, é entendida pela aceitação sem questionamento de tudo que "vem de cima" (esse "cima", entendido por pessoas mais estudadas, com mais dinheiro, com a pele branca, estrangeiros, socialmente influentes...)

Filho de inglesa, ele afirma que na Europa e nos EUA, o feedback é muito mais valorizado que a sentença imóvel e absoluta.

Já o brasileiro médio, não retruca qualquer informação que lhe chega.

Se vai a um lugar que ele pressupõe ter fila, é capaz de enfrentá-la por horas sem mesmo ter certeza se precisaria estar ali. E o seu universo vai sendo truncado por tantos obstáculos, que é preferível não fazer nada, a arriscar-se por essas "lombadas".

Pessoas que questionam, que se posicionam, que emitem opiniões e estão abertas a ouvir todas as opiniões, são tidas como corajosas ou arrogantes. Daí eu discordar da afirmação de que se deve combater a arrogância e ponto final.

Qual arrogância? A de pessoas determinadas, destemidas, executoras? E garantir um aglomerado de seres em dúvidas constantes e imobilizadoras? Deve haver uma medida equilibrada entre a dúvida e a certeza, que permita a pessoa andar a passos firmes, e claro, não pisando sobre cabeças.

Talvez essa medida seja a Ética.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Basicamente humano


Ainda estou deglutindo tudo o que vi passar.


Assisti neste final de semana, a riquezas - belezas - altitudes - profundidades - larguras - extensões, todo o cintilar da vida humana pulsante, enérgica e confusa ... muito confusa.


Sei que eles se resolverão da melhor forma, porque qualquer resolução é melhor que indefinições, e vi que estavam "resolvidos a resolver".


E de obviedades se faz o mundo... Frases feitas, replicantes no fundo da alma de qualquer mortal. O "Tao" contém a originalidade do ator e sobretudo o olhar do espectador. São minhas experiências, minhas vivências que vão embasar meu olhar.


Da platéia narrei para os atores, o enredo de outra peça que já havia visto sobre os mesmos temas. Tive ganas de dar uma de diretor, quebrar a claquete... mandar parar tudo, pedir concentração e menos luzes no palco.


Mas fechei os olhos e vi ... não era ensaio. Simplismente eram os atores nus em pêlo, em cena dramática, tentando fazer parecer fácil tudo aquilo.


Penso que não era.


terça-feira, novembro 20, 2007

A Sustentabilidade e o risco de seguir a moda

Na tentativa inglória de manter-me com as narinas fora do lodo da ignorância absoluta, li esta jóia de informação:


Secador de roupa solar
Este post do prof. Arsélio Martins toca, apesar de tudo, num ponto relevante. Secar roupa ao ar livre deve ser das formas mais eficientes de utilizar a energia solar. Muito mais eficiente do que qualquer painel fotovoltaico ou que qualquer painel térmico. Na verdade, secar roupa ao ar livre é uma das poucas formas de usar a energia solar que não requer subsídios. E ainda por cima numa aplicação que tem grandes gastos de energia (transição de fase e essas coisas). E no entanto, os incentivos das autoridades públicas, ao penalizarem as soluções arquitectónicas que permitiriam que as pessoas pudessem pôr roupa a secar, levam as pessoas a secar roupa em secadores eléctricos e força-as a instalar painéis solares. Produzir energia eléctrica em painéis solares para depois a usar para secar roupa é estúpido.
JoaoMiranda em http://ablasfemia.blogspot.com/

Tal notícia confirma o risco imenso de algumas "mentes brilhantes" seguirem a moda.

Não se fala de outra coisa! Tudo o que se faz, produz, pensa ou sonha tem de ter apelos sustentáveis. Como se Sustentabilidade fosse um achado tecnológico de última geração e que incrivelmente está ao alcance de todos. Portanto nada mais "in" rechear todas as iniciativas com tal palavra.

O conceito de sustentabilidade é tão antigo quanto a humanidade.

Novo é produzir substâncias e artífícios inorgânicos, indecomponíveis ou tóxicos. Novo é também produzir conceitos de status na aquisição de produtos sem conteúdo ou qualidade e muitas vezes prejudicial a vida.

Prejudicial é todo um estabilishment se engajar, por exemplo, em regulamentar sistemas de construção e normatizar "modus vivendis", com base em Conceitos de Sustentabilidade, Energias Limpas e produzir uma aberração como essa noticiada acima.

Ser sustentável é o mínimo que se pode esperar de qualquer produto humano.

Já que é difícil para o indíviduo responder a cerca de si mesmo, que ao menos tenha a responsabilidade e a competência de responder pelos objetos que produz, às questões elementares da existência:

De onde vim, quem sou e para onde vou ?

Se as respostas para isso forem éticas então o produto é sustentável. Seja uma casa, um aparelho de barbear ou um creme para rugas.

Mais difícil é ser Auto-Sustentável. Ter autonomia e capacidade de gerenciar recursos limitados que não produza resíduos imprestáveis.

Talvez esse seja realmente o novo desafio humano.


sexta-feira, novembro 09, 2007

O vôo da gazela


O tanto para dizer me causou afônia, passei a
estenografar gestos que me vi fazer.

De onde vem a voz quando você fala sozinho?
Murmúrios de pensamentos na nuca...

As verdadeiras mensagens estão na pausa,
na tomada de fôlego, não na palavra.


Atenção...


Olhos + Ouvidos=

bocca chiusa

sexta-feira, novembro 02, 2007

Da palavra, seu sentido e imagem...

A imagem de algumas palavras, para mim, é desconectada do sentido comum...

È obsceno dizer vagina? E pênis, pinto, pau, pica?

A primeira me parece mais com algo leguminoso, que brota da terra e em favas. Muito mais condizente - favas de vagina, como favas de baunilha, de feijão, de amendoim, dessas coisinhas... de bolinhas.... inocentes, inodoras, verdes....

Assim como pênis me soa algo como tênis, um acessório esportivo (é... em alguns casos não deixa de ser).
Pinto – animal recém nascido, com bico capaz de machucar e dá dó de tão pequeno, indefeso.
Pau – um pedaço de madeira que se desprendeu da árvore porque estava podre
Pica – semelhante a pinto. Pontiagudo, fino, agulha

E “Jaca”?
Com esse nome roceiro, disfarçando seu verdadeiro estado erótico!

Essa fruta deveria se chamar Tábata, Samanta, Suelen ou “Vanessa Arrasa Quarteirão”.... Por dentro feminina, lânguida, macia....Por fora macho.

O que dizer de "Caquis"? Suculentos, indomados dentro da boca... E algumas “Mangas”... obscenas, dando em cachos enormes pelas ruas. Face pintada de rouge, perfumadas e quando abertas – úmidas, doces....

Essas sujeitas que exigem-nos voltar ao estado primitivo, comer com as mãos, lambuzar-se, deixar escorrer pelo queixo.... Frutas assim deveriam ser vendidas em embalagens com tarja preta da censura. E serem devoradas em alcovas a meia luz...

Em qualquer arte - sonora, visual, gestual, literária, enfim... de vida - o que vale são as sensações que provocam.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Dos conteúdos incontidos


"Tiene más hojas un peral que Buscando el Tiempo Perdido?"

"Por qué se suicidan las hojas cuando se sienten amarillas?"
Será o maduro, o pronto, um ponto de morte ou transcendência ?

"Por qué el sombrero dela noche vuela con tantos agujeros?"

"Es pas la pas de la paloma? E leopardo hace la guerra?"

"Las lágrimas que no se lloran esperan en pequeños lagos?"
E os risos reprimidos viram ecos no vazio do umbigo?

"Por qué en las épocas oscuras se escribe con tinta invisible?"

"Pero por qué no se convence el jueves de ir después del viernes?"

"No es mejor nunca que tarde?"

"Cuántas semanas tiene un día y cuános años tiene un mes?"

"Por qué viven tan harapientos todos los gusanos de seda?"

Assim como eu e tu que tecemos o fio da vida.


"Cómo se reparten el sol en el naranjo las naranjas?"

Como se 're-parte' o amigo, ou vê-se partir o amigo, por entre amigos?


à mais nova e não menos querida

amiga,


Ellen Lira


do Livro das Perguntas de Pablo Neruda e minhas

terça-feira, outubro 23, 2007

Hoje me encontrei com Gaia nessa flor


Minha profissão tem uma certa aura glamourosa, mas para desfilarmos esvoaçantes sob lustres de cristal e sobre saltos agulha, alguém deve edificar esse "habitat".

Ultimamente, tenho sido mais uma, orgulhosamente, entre esses "alguéns" - Pedros Pedreiros (como diria Chico Buarque).

E hoje em visita a uma obra essa figurinha acima me aterriza.
Um presente da Mãe Natureza, a alegrar minha alma, me fazer relembrar o sentido disso tudo...

A imprescindibilidade da Beleza.

Com o perdão da palavra mofada de tão pouco uso, mas na falta de outra mais acertada.... fico com ela:

O Belo é imprescindível para o Universo!

O Belo é imprescindível para a Roda da Vida!

Me emociono às lágrimas ao ver tal prodígio da Natureza.Quanta Sabedoria! Quanta "interoperabilidade", "auto-suficiência", "obsolescência programada"... e todas as -ências e -idades , que poucos de nós, há pouquíssimo tempo, tentamos manobrar, projetar, conceituar.

Junta-se a mais seleta confluência de gênios da humanidade e não consegue-se rivalizar à Perfeição da Existência dessa flor. Tudo nela tem sentido, função, prazo, ordem, hierarquia, poesia, generosidade, compaixão... simplicidade, Beleza enfim.

Quantos milhares de milhares de espécimes da flora e da fauna jamais serão vistos por olho algum e mesmo assim são Perfeitos e Generosos para com o Universo. Para que Ele retribua a mesma Perfeição e Generosidade.

Essa simbiose é a Roda da Vida. Aí está a Divindade.

segunda-feira, outubro 22, 2007

Eu amo, tu amas, ele ama...

E eu, "ocupada em ocupar" os espaços das minhas insônias, em visita ao admirável poeta Fabrício Carpinejar (fabriciocarpinejar.blogger.com.br) me deparo com o texto que se segue.

Texto recente, cheirando encomenda... mas não! São só "coincidências".

E fazem poucas horas, matutava algo acerca da capacidade de o amor, quando declarado, canalizar fluidamente todo o universo no rumo certo a seguir.

O QUE EU DIRIA PARA VOCÊS DOIS

Para um casal secreto de namorados de Concórdia, sem coragem de contar o enlace para suas famílias.


O amor é uma loucura para todos, menos para os dois apaixonados.

A solidão de um apaixonado seria insuportável se não houvesse uma testemunha.

Solidão já é difícil, quando acrescida de segredo não tem cura.

Uma solidão sem acesso. Mais grave do que Barreirinhas no Amazonas, onde só se chega de canoa.

A solidão do apaixonado é uma mentira que cria uma nova mentira para proteger a verdade. A verdade está contaminada. Não há como estabelecer a origem. O apaixonado não andará de gangorra. Não há peso. O desejo emagrece o corpo.

Os apaixonados são inoportunos, indecisos, péssimos amigos. Não procure um apaixonado para falar as novidades. Ele reprisa sua língua. Eles passam o dia fazendo nada. Mas é um nada trabalhoso, um nada polido, articulado, um vazio severo que engole o sono. Pensar no outro é um trabalho urgente para entregar na manhã seguinte. São folhas e folhas em branco, lidas linha por linha. Tentar escrever exige mais revisão do que escrever. Tentar falar exige mais voz do que falar.

Não estão interessados em combater o desânimo. Crescem por surtos. Aumentam por sustos. Os apaixonados são extremamente solitários em suas decisões. Eles não têm como contar o que estão sentindo. Inclusive porque são impressões mais do que fatos. Como narrar estremecimentos, silêncios, hesitações, gestos indiretos? Falta coerência, sobra sentido.

Ensaiam uma conversa ao tomar uma xícara de café, mas o barulho da colherinha afasta a coragem. Qualquer barulho que não seja o do corpo incomoda. O apaixonado caça a transparência e encontra a confusão. Repete a conversa pelo esforço de retomar o fio da meada. Não pode explicar o que está acontecendo - nem ele sabe. Ele não esclarece seus lapsos.

Não poderá falar com o pai, não entenderá. Com os irmãos, não entenderão. Com a mãe, não entenderá. Com os amigos, não entenderão. O terapeuta até entende, mas não vale, representa uma opinião profissional e o amor é destinado aos amadores. O apaixonado evita o julgamento.

Vira um menor de idade, quase a pedir autorização para viajar. Cochicha com os cachorros, os travesseiros e os livros. Foge de si pelos fundos da casa. É igual a um biólogo, obrigado a cadastrar o que não estava procurando. O apaixonado é o material não-identificado que vai para a gaveta.

O amor está errado para todos, menos para os dois apaixonados.

domingo, outubro 21, 2007

Pulsações do Pensamento


Fui perguntada esta semana qual seria minha religião. A resposta foi rápida porém imprecisa: “- Não tenho religião.” A verdade seria dizer: “- Não tenho Igreja.” Religião, no sentido de religar, unir novamente, esta eu tenho.

Desempenho um “labor-atório” contínuo no sentido de recosturar, dentro do meu entendimento, o tecido da humanidade da qual faço parte, desde o mais próximo e através dele, por toda a humanidade.

Encontro no budismo uma porta em que, quando aberta, sua luz não me ofusca a visão. A filosofia budista é o mais próximo que encontrei até hoje daquilo em que acreditava mas não conhecia o nome.

Hoje me considero uma iniciante nos estudos da Filosofia Budista. E foi em busca da raiz dessa linha de pensamento, que encontrei a história de Sidharta (Buda) e sua base hinduísta. Não será esta mais uma porta na busca do Eu desligado do Todo?

Toda existência é dual. O Yng e o Yang. O Ser e o não-ser. O Todo incorpora o Tudo e o Nada. De modo que respostas definitivas são sempre parciais, apenas contidas neste tempo-espaço.

Quando menina vi alguns monges que caminhavam com um espanador longo varrendo à sua frente toda formiga, todo ser vivo que talvez pudesse ser esmagado pelo seus pés. Percebi que o mal estar provocado pela visão do vaso de flores arrancadas inocentemente pelas ruas por minha mãe ou o engasgo de ver um inseto morto, tinha fundamento no princípio da não-violência e tinha seguidores.

Passou a ser mais confortável (e essa é uma das funções da religião) minha atitude agora nominada. Tinha encontrado minha tribo, meu endereço. Como seres gregários e altamente dependentes, fluímos sempre ao encontro de nossos pares, de idéias afins. O que vem explicar a intenção da pergunta que me foi feita.



Dos Fios da União Tereza Freire


Yoga Sutra poderia ser traduzido, grosso modo, como “Os Fios da União”, uma vez que sutra significa "fio", e Yoga, "união". Yoga é um caminho, uma trilha que vai de um lugar a outro, uma direção que escolhemos tomar, uma maneira de agir, e, consequentemente, um destino, um dharma...


E este dharma busca re-unir o homem ao Divino. E, ao conectar-se com o Divino, ele percebe que é igual a este: eterno e completo.


Fio que conduz o homem pelo labirinto e salva-o dos minotauros da vida. Fio que guia o homem de volta para casa...


Os minotauros seriam os nossos vrttis - padrões de comportamento repetitivos que insistimos em seguir porque nos é mais confortável. Confortável porque conhecido. Enquanto o conhecimento do Ser infinito que somos, pressupõe uma jornada em direção ao completo desconhecido. Ao escuro. Pelo menos é o que pensamos...


No entanto, este que nos parece tão distante é quem realmente somos... Mas tanto tempo passamos distantes que nem mais o reconhecemos. Talvez seja esta a grande charada da vida. Desaprendemos tudo que sabíamos no momento em que nascemos, para que, através da dor causada pela ignorância de nosso real estado de plenitude, queiramos nos re-ligar ao divino que somos.


Yoga é um caminho que possibilita a desidentificação com as flutuações de nossa consciência. Nossos vrttis são muitos: os traumas, as frustrações, as expectativas, as obrigações. Tudo nos leva a passar pela vida pulando de galho em galho como macacos na árvore das nossas emoções, inquietos, famintos, e nem sabemos de que... E deixamos de lado vocações e sonhos para cumprir papéis.


Tantos são os personagens que exercemos que esquecemos que esta vida é apenas uma parte de nossa imensa experiência espiritual. É apenas um dos muitos espetáculos de que participamos. E tudo na base da improvisação. Não há tempo de ensaiar para melhorar esta ou aquela cena, muito menos temos um diretor cuidando para que estejamos perfeitos na estréia. Temos que ser one man show em início de carreira: autores, produtores, diretores e intérpretes de nossas vidas. E ainda temos que saber cantar, dançar, representar e fazer malabares se for preciso...
E o Yoga é o fio que nos guia, um farol que ilumina o oceano de nossas turbulências e permite que encontremos o caminho de volta para casa, para nós mesmos...


E este fio pressupõe atitudes, que nos levam a sermos pessoas melhores, cultivando a não violência, exercendo a verdade, respeitando os outros seres e cuidando de nosso Ser através da prática de asanas, do estudo e da meditação. Cultivando yamas e nyamas, podemos nos aproximar dos outros com muito mais generosidade.


A compaixão é a grande razão para estarmos no mundo, concordam todas as religiões. Escolhemos experienciar a vida na terra para amarmos os outros seres e nos ajudarmos mutuamente.


Mais uma vez o fio... Porque tudo está ligado. Assim como é no macrocosmo, é no microcosmo.
Se a natureza vive em perfeita harmonia, se rios e mares, ventos e chuvas, pedras e flores, sol e lua, convivem respeitosamente e se complementam, assim somos nós. Ou deveríamos ser, não tivéssemos cortado o fio que nos liga aos outros, tão envolvidos pela ignorância quanto nós, tão sedentos de felicidade como nós...


Às vezes vejo gente morando na rua, em caixas de papelão e penso: onde está a minha dignidade se permito que outro igual a mim, perca a sua dignidade desta forma? Cada pessoa que morre de fome e frio é uma parte de mim que morre junto...

domingo, outubro 14, 2007

Dos livros, gula e paixões

Minha relação com livros talvez se pareça com a relação do guloso com a comida.


Devoro livros pela capa, pelo título, pelo tamanho, pela cor, pelo formato, pelo tipo de letra, pelas figuras, pelo sabor - conteúdo, pelo preço, pela disponibilidade....


Tem quem não consiga passar por uma padaria e não comer um quitute. Eu não passo perto de "papéis escritos" sem tirar um gostinho, nem que seja folhear, sentir o cheiro...


Sim, livros assim como vinhos, acusam sua idade, sua história, por onde passou, quem os manipulou, pelo cheiro. Eu também leio o cheiro dos livros.


Ou pelo menos lia, quando era "rata de sebo" . Pela prática, aprendi reconhecer informações sobre um exemplar apenas pelo estado das lombadas - idade, uso, gênero do antigo dono, seus hábitos durante a leitura, além dos dados escritos obviamente.


Bibliotecas me dão muito prazer, mas algo limitado, já que a ética não permite grifar, fazer anotações, encher a mesa com vários exemplares e experimentar um pouquinho de cada....


Hoje li "Memórias de minhas putas tristes" de Gabriel Garcia Márques. Peça adquirida quase que por "inseminação artificial" - comprei-a pela Internet, assim como para fazer volume num outro pedido, aproveitar o frete grátis acima de tantos reais, enfim, essas realidades...


Estou tentando aprender a garimpar delícias em um ambiente insosso - o único que me resta por essas paragens.


Talvez por esse aspecto não terei muitos entraves. Como dizia meu antigo companheiro: - Nisso, qualquer paixão me diverte!....


Sorte a minha!

---------------------



O protagonista é um jornalista que acaba de completar 90 anos e resolve comemorar seu aniversário no cabaré que freqüentou a vida toda, encomendando uma virgem de 14 ou 15 anos, por quem se sente impulsionado à paixão.


do livro de G.G.Márques :



"....a moral é uma questão de tempo.... "


"....desde muito menino tive mais bem formado o sentido do pudor social que o da morte..."


"Nunca me deitei com mulher alguma sem pagar, as poucas que não eram do ofício convenci pela razão ou pela força que recebessem o dinheiro nem que fosse para jogar no lixo."


"....e fazíamos amores sem amor, meio vestidos na maior parte das vezes e sempre na escuridão para imaginar-nos melhores...."


"Mesmo quando não preciso escrever, todas as manhãs arrumo a mesa com o rigor ocioso que me fez perder tantos amores. Ao alcance da mão tenho meus livros cúmplices...."


"Acho contra a natureza que um homem se entenda melhor com seu cão do que com sua esposa, que o ensine a comer e a descomer na hora certa, a responder perguntas e compartilhar suas penas.(!)"


"Graças a ela enfrentei pela primeira vez meu ser natural enquanto transcorria meus noventa anos. Descobri que minha obsessão por cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; (....)que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do zodíaco. (....)"


" Me pergunto como pude sucumbir nesta vertigem perpétua que eu mesmo provocava e temia. Flutuava entre nuvens erráticas e falava sozinho diante do espelho com a vã ilusão de averiguar quem sou.(...)"




segunda-feira, outubro 08, 2007

dos mitos e alforrias

Se já soubesse quem sou

Te saberia. Como não sei

Planto couves e cravos

E espero ver uma cara

Em tudo que semeei.

Pois dizem que te mostras

Por vias tortas, nos mínimos?

te mostrarás na minha horta

Talvez mudando o destino

Dessa de mim que só vive

Tentando semeadura

Dessa de mim que envelhece

Buscando sua prórpia cara

E muito através, a tua

Que a muito me apeteceria

ver frente a frente.

Há luas luzindo o verde

E luas luzindo os cravos.

Couves de tal estatura

E carmesins dilatados


Que os que passam me perguntam:

São os canteiros de Deus?

Digo que sim por vaidade

Sabendo dos infinitos

De uma infinita procura

De tu e eu.




Hilda Hilst em Poemas malditos, gozosos e devotos

___________________________________



Tenho muitas boas lembranças da época do primário em colégio de freiras.



Certa ocasião, Irmã Maria Fernanda, falando de não sei o que, disse-nos - (a uma classe só de meninas, de 8 ou 9 anos ):



"- Seja lá o que for que estiverem fazendo e para quem estiverem fazendo, faça-o com a certeza de que Jesus está vendo absolutamente tudo!"



Era apenas para nos estimular a fazer as coisas bem feitas, mas isso me impressionou fortemente. A onipresença. A onisciência então... nem se fala. Me pegou pelo pé!



Interessante.... Cresci com o hábito de tentar sempre fazer bem feito tudo a que me proponho.



Mas, ahhhhh como é fun-da-men-tal a liberdade do anonimato e auto-satisfação!!!!!!






segunda-feira, outubro 01, 2007


Não que seja a primeira nem a única vez que isso tenha ocorrido.

Sim talvez essa seja uma rara ocasião, quase um acaso, eu estar com os olhos bem abertos neste exato momento em que o mundo passou a girar trazendo o Sol inteiro para clarear meu caminho.

A sensação é de ter ganho o grande prêmio sozinha. É tão maravilhoso... É como se um bebezinho tivesse adormecido embalado em meus braços e agora deixá-lo no berço é um risco, uma perda mútua. E esse "ser" - sou eu, pura e legítima criação própria.

Fez lembrar de minha grande amiga, Regina e sua música tema:

Arlindo Jr, "Pesadelo dos Navegantes"

"alçar as velas
desaportar as caravelas
esquadras do velho mundo
do oceano rio-mar

alçar as velas
desaportar as caravelas
cruzadas do novo mundo
fé, império a dilatar

o vento te leva
há ventania
as noites te envolve agonia
do grande abismo que virá

das feras das águas
que seria
pesadelo de conto
navegador
lê, lê

terra à vista
atracar
ilhas dos tupinambaranas
terra dos tupinambás

aportar nos braços do
orteiro
de joelhos e bravos
guerreiros
celebrai a grande missão
com salva de tiros demorteiro"

terça-feira, setembro 25, 2007

A você - O sofredor

Se antes fosse possível entrever aquele nó
a espinha de peixe que me empurra pela garganta
enquanto me dirige esse seu olhar marejado

Ah, se eu pudesse antever!

Ah, se eu fosse menos crédula
e se eu fosse mais bélica
se...

Não, não sou nada disso!
Não saberia ser nada disso!
Não me apetece aprendê-lo jamais

Sou só a que engole
a espinha sem derramar lágrima

Sou só a que crê
na palavra - essa imaterialidade valiosa

Sou só a que depõe as armas
o verbo, o gesto, o olhar

terça-feira, setembro 11, 2007

Arqueologia do Olhar


Só se vê uma vez;

não mais;

nunca mais.


Não queiras ver antes do tempo,

antes que a luz dos teus olhos

amadureça com as maçãs.


Sê paciente e espera;

saberás que o verão do mundo,

com os pássaros, chegou ao teu coração,

e os pássaros não mentem as estações


Olha,

olha sempre com a fome

de quem busca na exaustão dos dias

a salvação dos gestos simples.


Cuida-te do olhar de Orfeu;

porque só se vê uma vez,

e o ver cega.


Um dia descobrirá que viste

quando já só fores luz viajando

num olhar que nunca te viu.

segunda-feira, setembro 03, 2007

"filosofês" e um tapa na cara

" existem dois excessos: excluir a razão e admitir apenas a razão".(Descartes)

" A Razão é um sol impiedoso; ela ilumina, mas cega" ( R. Roland)

"... o homem razoável adapta-se ao mundo; o homem que não é razoável obstina-se a tentar que o mundo se lhe adapte. Qualquer progresso, portanto, depende do homem que NÃO é razoável" ( G.B.Shaw)

terça-feira, agosto 21, 2007

Além da janela

Acabo de ganhar dois lindos livros de poesia. "Retrato do artista quando coisa" de Manoel de Barros e "Poemas malditos, gozosos e devotos" de Hilda Hilst.

O ganhar livros abre um universo de interpretações fabuloso. Por essa fresta, vê-se minimamente qual o olhar da pessoa que oferta a respeito da pessoa presenteada. Neste caso, meu sensível presenteador parece me ver como uma "fera". Uma força da natureza praticamente indomada.

Todos livros que já me presenteou, fazem menção à intensidades, profundidades, abalos vulcânicos e incandescências surpreendentes.

Sim, passa-me ao largo, qualquer água com açucar ou tepidez; contudo é curioso alguém que tem como grau máximo de intimidade conversas de escritório, fazer essa leitura acerca de mim.

Curioso. Muito curioso...

Passou-me agora, se não poderia ter sido eleita musa inspiradora dessa tal figura...? Essa "potência" toda estaria sim nele e já não em mim...essa mulher é dele...só dele... É ele. Ou não!

sexta-feira, agosto 17, 2007

Sobre quimeras


Sic transit gloria mundi! Poucos não terão até hoje ouvido ou lido em algum lugar essa sentença verdadeira e terrível pela própria veracidade. A expressão tem seu uso mais comum para ressaltar a nossa efêmera existência, mas resulta de um ritual bastante utilizado na coroação de papas: diante do recém-eleito, o mestre de cerimônias coloca um pedaço de estopa ao qual se ateia fogo; enquanto as palavras são pronunciadas, o pano é rapidamente consumido pelas chamas.

Poder e glória, quando assumidos com empáfia ou insolência, quando sinais de soberba e petulância egoísta são, de fato, passageiros. Uma glória assim é pura fantasia ou simples quimera. Essa palavra tem origem no grego – khimaira – que significa mais exatamente cabra – mas que se tornou sinônimo de ilusão ou coisa inexistente.

É curioso como até o nosso calendário, agora chamado de comum ou gregoriano (por conta do Papa Gregório XIII), é afetado pela arrogância daqueles que pretendem garantir fugazmente a imortalidade e se apegam à glória do mundo.

Até o séc. 8 AC, o ano do mundo romano da Antiguidade – do qual herdamos essas medidas – tinha apenas dez meses e se iniciava em 1° de março (martius), depois vinha aprilis, maius, iunius e, a partir daí, foram usados numerais (de 5 a 10) para denominar os meses seguintes ( quinctilis, sextilis, september, october, november e december). No século seguinte, para acertar mais a fixação da contagem com o tempo de duração da volta da Terra em torno do Sol, os romanos introduziram mais dois meses ( januarius e februarius) que ficaram para o final; só que no séc. 1 AC o ditador Júlio César fez nova reordenação, passando janeiro e fevereiro para o início e mantendo doze meses.(Por isso, o mês 9 é sete-mbro, o 10 octo-ber, o 11 nove-mbro, o 12, dez-embro)

Ainda, como Júlio césar, nascido no mês quinctilis, foi assassinado, Marco Antônio, general romano e seguidor daquele, decidiu homenageá-lo, trocando o nome do 5° mês para julius, mantendo 31 dias. Porém, por brigas pela defesa da honra entre Marco Antônio e Otávio, por aquele ter desposado Cleópatra e não Otávia, a guerra foi deflagrada e Marco Antonio, vencido, suicidou-se.

Otavio, ou Otaviano, ganhador, passou a ser chamado Augusto, primeiro imperador de Roma e Grande Pontíficie. Fez trocar o nome sextilis do sexto mês para augustus e para ser maior que julius, determinou 31 dias. Vale dizer que a alternância entre 30/31 foi assim quebrada, exceto por fevereiro, que já na sua instituição ficava apenas com os dias que faltavam para o ciclo completo do Sol.

Quase ninguém sabe dessas histórias. Os meses passam, o tempo com ele e, afinal, como sabiamente escreveu Ari Barroso na canção Risque, “ creia, toda quimera se esfuma, como a brancura da espuma que desmancha na areia...” ”

----------------------------------------------------------

(E eu, que aferrada à contagem do tempo fabulo tê-lo para realizar desejos. E o universo se encarrega de mostrar-me que só existe o fio da navalha... esse quase nada chamado agora.)

segunda-feira, agosto 06, 2007

Sobre a dualidade

"...muito, mas muito tempo atrás, deuses e demônios estavam engajados numa luta sem quartel pela supremacia e pela conquista da imortalidade. Nessa guerra, a arma definitiva seria o Amrita, o Licor da Imortalidade, que jazia no fundo do Oceano das Águas Causais.
No entanto, todo o poder dos deuses, inimaginável para nós, mortais, era insuficiente para extrair o Amrita das profundezas. Ainda mais, quando os demônios estavam concentrados na mesma tarefa, e boicotavam o esforço dos deuses.

Brahma, o Deus Criador, conclamou então um encontro para resolver a questão. Acordou-se que deuses e demônios cooperariam entre si, ao invés de lutar. Vishnu assumiria a forma de Kūrma, uma tartaruga gigante. O ciclo do deus Vishnu inclui dez encarnações, das quais a tartaruga é a segunda. Essas encarnações são chamadas Avatāra, que significa "Aquele que Desce [para salvar o mundo]".

Shiva Natarāja dança o Tandava, a dança da dissolução, no fim dos ciclos cósmicos (kalpas).
Sobre as costas de Kūrma, os demais deuses colocariam o monte Mandara, e ele desceria carregando essa montanha até o fundo do Oceano das Águas Causais (Samudrā). O deus-serpente Vasuki, enroscado ao redor da montanha, serviria como corda, puxada alternadamente por deuses e demônios, cada grupo ficando numa das beiras do Oceano. Desta maneira, Kūrma, girando alucinadamente com os braços e as pernas abertos, trabalhou como uma espécie de liquidificador gigante, que espalhou as águas do Oceano em todas as direções, fazendo com que os tesouros submersos nele desde o início dos tempos, viessem à superfície. A tarefa estava dando muito certo, até a aparição do Veneno.


A aparição do veneno kalakata marca o fim da Primeira Era das quatro do presente ciclo cósmico. Essa Era Cósmica chama-se Satya Yuga em sânscrito, que significa Era da Verdade, ou Era do Dharma.

Shiva estava meditando no alto do Himalāyā. Deuses e demônios foram lhe rogar para serem salvos daqueles vapores letais. Ele aquiesceu, e bebeu o veneno, ficando com a garganta colorida de azul. É por isso que ele é chamado Nīkalantha, o da Garganta Azul.

O nome Garganta Azul aponta para o fato de que não existe nenhum conflito entre o coração e a mente de Shiva. Mente e coração estão em sintonia, alinhados e, entre eles, só existe espaço vazio, representado pela cor azul.

Nīkalantha é aquele que vê todo o mundo em si mesmo, e a si próprio em todo o mundo.

O desapego de Shiva perante a vida e a morte é absolutamente aterrador. Ao beber o veneno kalakata, ele salva o Universo. Ao absorver em seu próprio organismo o veneno do mundo, ele redime a Humanidade.

Desta maneira, deuses e demônios puderam retomar a tarefa de desenterrar não apenas o licor da imortalidade, mas igualmente a deusa Lakshmī, que surge das águas numa cena idêntica à do nascimento de Afrodite na mitologia grega, e que acaba casando com Vishnu, bem como alguns valiosos tesouros, dentre os quais destaca-se o kausthubha, uma jóia que o deus carrega até hoje no peito.

Uma vez resgatados esses tesouros, os deuses deram uma rasteira nos demônios para ficarem com o licor da imortalidade. Mas essa é já outra história..."

Não haver dualidade, conflito entre o que deseja a mente e o corpo; não temer, não escamotear, não adulterar a Verdade, eis o que redime o mundo. E o mundo está em mim - eu sou o mundo.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Da impermanência

Tudo passa.

Mil vezes mil vezes se ouviu e ouvirá falar que tudo passa. E tudo passa mesmo.

O tempo, esse etéreo elemento sensível e inexistente, flui magica e intrínsecamente. Não há estanqueidade, passado - como fotografias espalhadas ao redor da copa da memória, futuro - o fruto da semente do agora, esse fio de navalha, o piscar de olhos - e já foi. O que torna quase quixotesco o tentar viver a realidade. O que é real? O passado? o futuro?

Essa plantação de sementes que ando a cultivar, está confundindo minha memória. Já não estou certa do que vivi, do que plantei, do que quis e das rotas que tracei no meu mapa interno.

Onde vou chegar, se as sementes estão sendo plantadas em terras alheias? Há dias, muitos dias, que só quero abandonar essa floresta.... Voltar, já não sei bem para onde. Talvez o mais próximo do lugar que queria estar é num ventre, ou por outra, ter no ventre alguém que me sirva de farol - vê-lo piscar seu brilho franco me sinalizando a direção certa a seguir.

segunda-feira, julho 09, 2007

É Guerra

Não é de hoje que me "elogiam" como guerreira. Eu, que prefiro muito mais sombra e água fresca, alguém que me abane e me dê um dengo... Guerreira. Ai de mim.

Entre os meus, estou mais para bahiano velho e cansado, só que entre eles, esse perfil é o dos mais audazes!...Então imagine do que estou a falar! Praticamente zumbis. Sem brio, sem índole, sem caráter... Não são más, são passadas... Como fruta, moles, acres, e de lamentar o que poderiam ter sido no auge da força. Hoje imprestáveis, sem gosto, sem vida, quase podres.

E uma fruta podre, apodrece todo um cesto.

Minha guerra... está mais para permanecer fora do cesto. Está mais para continuar limpa, preferir tomar banho de gato, mesmo que a lingua seque, a me esbaldar nesses rios imundos, de frutas podres, que infestam o ar.

O Rei está nu


Carpinejar, sempre absolutamente lúcido, vem lembrar que os homens de uns tempos para cá, deram de mentir. Mentir a idade, a situação financeira, a existência de filhos, o ano do carro, a idade da esposa, as rugas, os calos, os amores e tudo o mais.

Houve um tempo em que o sujeito se afirmava nele mesmo e pronto. Gostem ou não, ele era aquilo. Poderia evoluir, o que é plenamente natural, de acordo com suas convicções e seu entendimento, mas não mentiria a evolução... Tinha vergonha. Hoje isso é produto raro entre os homens. Vergonha.

Não se tem vergonha de ser pego numa grosseira e estapafúrdia parvoíce. É de dar dó. E há os mais desajuizados que ainda se rebelam contra quem os desmascara mesmo sem querer. Nem seria desmascarar, estaria mais para ver o óbvio - o rei está nu.
Não se faz necessário ter mais de 5 anos de idade para notar que o rei está nu, só ele não se enxerga!

E o rei, em sua acepção, teria naturalmente a beleza da realeza, se não quisesse ser o que não é...

Nem reis passam incólumes pelo crivo da Verdade.

segunda-feira, junho 11, 2007

A LA SOMBRA DE TU IDEAL

Un día Diógenes, el cínico, fue al mercado y puso un puesto, y encima un letrero que decía: "Aquí se vende sabiduría".

Un griego que leyó el letrero se echó a reír, y dándole a su criado tres sextercios (sesenta centavos), le dijo: - Anda y dile a Diógenes que te venda tres sextercios de sabiduría.


Diógenes tomó el dinero y dijo al criado: - Di a tu amo que en todo lo que haga, mire si no contradice a su ideal. Agradó tanto la sentencia al amo, que la hizo esculpir en la puerta de su casa.


Yo te la he escrito entre estas líneas. Si la quieres no necesitas dinero. Tómala y grábala en tu espíritu.


Y sea entonces tu vida un eco de tu ideal.


Cuida que tus acciones no sean una contradicción con tu manera de pensar. Pon a la sombra de tu ideal toda la varia actividad de tu vida. Esto es ser consciente con tus principios. Esta es la verdadera sabiduría práctica. Esto es vivir en el mundo de las conquistas espirituales y no en los campos fantásticos de las quimeras.


Sólo así llegarás a la altura de los triunfos. No lo olvides: sólo así.


Si sabes ser consecuente con tu ideal.

sexta-feira, maio 18, 2007

PP

Quem me conhece sabe a teoria o PP.

PP é o sujeito que por ter PINTO PEQUENO, acaba distorcendo a realidade para convencer a outros e se possível convencer a si mesmo, de que ele é mais potente do que na verdade é.

O PP é capaz de qualquer abuso na tentativa de criar a fantasia. Se ele tem uma posição de superioridade hierarquica no trabalho, na família, no círculo de amizades, ele vai usar todos os recursos de humilhação e subordinação que seu status permitir.

Em suas tentativas amorosas é que o PP se revela em sua essência. Ele propaga uma imagem inexistente e exige que seu alvo amoroso acate essa idéia fabricada. E pode se tornar muito agressivo se seus objetivos não forem alcançados.

O indivíduo PP, não tem gênero definido. Tanto homens quanto mulheres podem ser PP.

Nos homens fica mais evidente por, na maioria dos casos; coincidir efeitvamente a personalidade PP com o tamanho do membro. Muitas vezes o sujeito se torna PP quando o membro que já era deficitário, passa a não corresponder às suas funções. Em outras palavras, surge o "PP impotente" - o que é um desastre para a moral e auto-estima do indivíduo que já tinha tendências para a pequenez.

Que o Cosmo salve a todos da convivência com PPs.

continua......................

segunda-feira, abril 30, 2007

Zazen




por Mestre Kozen

Esta postura es muy antigua, es una postura que existe desde antes del Buda, es una postura prehistórica del hombre. Estuve de viaje por América Latina, y se encuentran dibujos muy antiguos, dibujos de Incas y de Aztecas que ya practicaban esta postura hace 3.000 – 5.000 años, antes que el Buda en India se practicaba esta postura. En Europa se encontraron estatuas célticas de 3.000 a 5.000 años de gente que practicaba esta postura de zazen. Se trata de una postura inherente al hombre, cada uno de nosotros en su inconsciente conoce esta postura. [mostrando la postura] La mejor manera de practicar es tomar la postura de loto... así se pone el pie izquierdo sobre el muslo derecho... y el pie derecho sobre el izquierdo, las rodillas tienen que estar bien plantadas en el suelo. Es importante sentarse sobre un almohadón, el Buda había hecho un almohadón con hierbas; hay muchos textos antiguos que describen esta postura y dicen que hay que sentarse sobre un almohadón, de manera que la pelvis este basculada naturalmente; entonces la columna queda bien derecha. Si uno se sienta sin el almohadón [retirando el almohadón] no se tiene el mismo equilibrio. Por ejemplo algunos ejercicios de yoga se hacen sin almohadón, pero hacen subir la energía hacia arriba. Por ejemplo para hacer pranajama, para hacer subir la energía a la parte superior del cuerpo, en ese momento hay que poner las manos más hacia delante, pero no es lo mismo, son ejercicios de yoga o gimnasia. Zazen no es un ejercicio, es abandonar el cuerpo y el espíritu. Si se ponen las manos correctamente sin almohadón estamos hacia atrás, estamos obligados a hacer un esfuerzo presionando el vientre. Para esta postura hay que tener un almohadón así [mostrando el almohadón] cada uno tiene que encontrar la altura proporcional a su cuerpo. Hay que ponerse así... [se sienta sobre el almohadón] ... ahí es diferente... Es importante que la pelvis este basculada hacia adelante. Si uno está así no es para nada lo mismo [muestra la postura sin bascular] . La gente piensa que zazen es una meditación, así... piensan, piensan... no tiene nada que ver con una imaginación. Es un despertar de todas las células del cuerpo. Entonces hay que encontrar, hay que tomar la postura en la que verdaderamente se puede abandonar el cuerpo y el espíritu, es decir abandonar sus límites, abandonar su egoísmo, y entonces tomar conciencia, como se dice en el zen, de su verdadera naturaleza.
A menudo la gente pregunta si el zen es una religión, pero primero tienen que estudiar lo que quiere decir la palabra religión. La gente piensa que una religión es creer en un Dios. Pero religión quiere decir “ligar”, y verdaderamente tener un espíritu religioso es extremadamente importante. Y sea como sea, que sea en esta vida, en 100 años o en mil años, van a tener que pasar por esto, es decir comprender que nuestro cuerpo y nuestro espíritu son universales. La gente piensa siempre que están separados de los otros, entonces dicen “Ah, yo soy Stèphane... él es él y ella es ella... yo soy mejor, soy más fuerte... él sufre, ella sufre... pero es su sufrimiento... yo no sufro...” pero en realidad nuestro propio sufrimiento no es nuestro propio sufrimiento, el sufrimiento de los demás es nuestro verdadero sufrimiento. Pero eso nadie puede comprenderlo, nadie quiere comprenderlo, pero porque es un estado de conciencia que es normal; comúnmente para la gente es insoportable porque son extremadamente egoístas, y finalmente todos los problemas del mundo vienen de ahí. Cuando se comprende que el sufrimiento que uno mismo sufre no es nuestro, es de todos, es universal, en ese momento uno no sufre por sufrir, porque es una cuestión de simpatía por los demás. Cuando uno comprende que el sufrimiento del otro al exterior, y el sufrimiento de nuestro propio cuerpo, en ese momento uno puede amar a los demás como a uno mismo. Cambia totalmente todos los datos mundiales, incluso políticamente cambia todo. Hay mucha gente que habla de ecología, de occidente, del tercer mundo, hacen diferencias entre las distintas partes del mundo, es como la gente que hace diferencias en las distintas partes de su propio cuerpo; si uno tiene un órgano que funciona mal en el cuerpo, automáticamente todos los órganos funcionan mal, porque el cuerpo es como una máquina, como un auto por ejemplo. No se puede separar una parte del motor del resto, si una parte del motor funciona mal el auto no puede andar. En el Budismo, en el Zen, se considera que nuestro propio cuerpo, nuestro verdadero propio cuerpo es todo el Universo, que la Tierra misma es nuestro propio cuerpo. Es fácil de entender también; en la Biblia se dice que nacimos de un puñado de cenizas y que volveremos a ser como un puñado de cenizas, uno se nutre de la tierra, entonces es la tierra.
Viola, todo eso son palabras, filosofía. La comprensión del zen, no es una comprensión intelectual, aunque ustedes comprendan intelectualmente, no es eficaz. A veces se pregunta: “¿el Zen es una religión?” Y a menudo se contesta: “No, no es una religión”; yo digo que el Zen es una religión, es la verdadera religión, es la verdadera conciencia que los une al Universo. En el Budismo se diferencian varias categorías de conciencia o de despertar, en particular se diferencia lo que se llama el Buda para uno mismo del Buda universal. Cuando se lee la historia del Buda Shakyamuni se puede comprender lo que es el verdadero Budismo. Es muy similar al camino de Cristo. Shakyamuni Buda, cuando nació, era un hombre libre, era un Buda, era un Buda para él mismo. Se dice que cuando nació, cuando era bebé, levantó el dedo y dijo algo como: “yo soy el hombre más feliz del mundo, soy el hombre más feliz” y efectivamente era un bebé perfecto, tenía todos los signos de salud, de sabiduría, de felicidad... nació en la familia de un rey, él era príncipe, en realidad tenía toda la felicidad que todo el mundo quiere tener en esta tierra: era bello, era fuerte, era rico, con buena salud, vivía en un lugar magnífico muy lujoso, en una parte de la India muy agradable, en un palacio con sirvientes, todo el mundo lo respetaba, tenía un harem, muchas mujeres... bueno, en realidad tenía una mujer y un harem, tuvo hijos, eran lindos, estaba feliz con su familia... era lo que todo el mundo sueña ser... bien en su cuerpo y en su espíritu, con buena intuición, era un Buda; todo el mundo quiere ser así. Nunca había salido de su palacio, y un día quiso salir... un día salió a la calle desde su palacio... y vio gente pobre, gente que estaba en medio de la suciedad, que pedía dinero, vio alguien enfermo que vomitaba en una alcantarilla, enfermo de cólera, vio a una persona muerta, vio a una persona muy vieja... y se dijo: “yo creía que era feliz, que tenía todo”, tomó conciencia del sufrimiento de los demás, se dio cuenta que ese era un sufrimiento que también era suyo, y que su propia dimensión no era suficiente. Comprendió que su cuerpo perfecto no podía estar separado de los demás. Ahí empieza la religión. La gente quiere hacer zen, yoga, tai chi, para mejorar su salud, etc, etc, etc. Es una dimensión realmente muy pequeña. En ese momento el Buda no pudo continuar viviendo la vida que había tenido antes, quería resolver el problema de por qué se envejece, por qué uno se enferma, por qué se muere, por qué se sufre. Entonces fue de maestro en maestro para profundizar su verdad. Practicó yoga, todo tipo de posturas, de meditaciones, hizo ayunos, hasta el punto de que casi muere... al final estuvo en un callejón sin salida, no sabía que hacer. De todo lo que había hecho, de todos modos lo único que había conseguido era estar enfermo. Y al final se sentó así, se dijo: “yo no sé que hacer, me quedo sentado así hasta que me muera” y se quedó sentado así en zazen durante 49 días, sin objetivo, simplemente así... sin hacer nada. Y comprendió la conciencia universal. Compendió que su propio zazen, su propia meditación ayudaba a los demás, y dijo: “no hace falta hacer mortificaciones, hacerse mal a uno mismo, simplemente hay que comer normalmente, dormir normalmente, vivir normalmente y hacer zazen normalmente”. Y así nació el zen. Después enseñó a sus discípulos, y esta práctica “práctica” se transmitió de maestro a discípulo exactamente hasta hoy. Practicar zazen es eso. Es un despertar....

Se piensa siempre que la comprensión es expresar las cosas con palabras, pero hay cosas que se comprenden con nuestro cuerpo que son mucho más fuertes que nuestra propia capacidad de comprensión. La medicina china tradicional taoísta dice por ejemplo que cada uno de nuestros órganos es una expresión de nuestra alma, cada uno de nuestros órganos expresa sentimientos, pulsiones, emociones. Si tienen los pulmones cansados por ejemplo, ustedes están tristes. En nuestros pulmones, nuestros órganos expresan esto. Uno no está únicamente triste por un pensamiento, todos nuestros órganos piensan; La circulación de la sangre igualmente, el sistema nervioso, la médula espinal, todo eso tiene una conciencia, e incluso más allá de nuestro propio cuerpo, porque nuestro propio cuerpo no está cerrado sobre nosotros mismos. Primero uno respira, pero no son sólo los pulmones que respiran, toda la piel respira, todas las células de nuestra piel respiran. Entonces nuestro cuerpo no puede estar limitado a nosotros, todo el tiempo entra, sale... tanto a nivel material -uno come, va al baño- como también a nivel espiritual, ustedes reciben las informaciones del exterior, ustedes reciben las impresiones del exterior, no solo de los hombres sino también de la naturaleza. Por eso entra, sale... por eso el maestro Dogen –un gran maestro zen- dice que cuando hacen zazen vuestra conciencia, vuestra energía influencia a las piedras, a las montañas, a los ríos. Voilá. Todo eso para explicarles un poquito lo que es el Zen.
Pero la verdadera práctica del Zen, no hace falta explicarla. Se explica simplemente como hacer, es como si quisiera explicarles lo que es el amor, podría hablar toda la noche... es mejor mostrarles como se hace... y después pueden entender por ustedes mismos. Cuando vienen a practicar les mostramos la postura, con lo que recibieron ustedes de sus padres, con lo que ustedes tienen, comienzan la práctica. Al principio es difícil; pero la vida, la muerte, todo eso es muy difícil, y acá agarramos todo eso entre las manos y pa! [manos en zazen] . Con paciencia todo eso se transforma. Uno transforma únicamente su karma, su vida y al mismo tiempo su familia, su país, el mundo entero. No es únicamente una práctica egoísta. Y se transforma sin hablar, inconscientemente.

quarta-feira, abril 18, 2007

Referências

Identidade... Eis algo que me identifica.

A casa, a família, a referência cultural e moral, a arte, o compromisso...

com todo afeto

Para você Clô

terça-feira, abril 17, 2007

DERRAMANDO-SE

"As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não." Manuel Bandeira em "Arte de Amar"

de F. Carpinejar

Raramente uso a palavra alma. Alma é uma facilidade. Como se a pronunciando, já estamos sendo profundos. Minha mãe fica ofendida: diz que sou desalmado. Não é verdade, até o musgo tem alma. O musgo da escadaria de casa é um tapete de cadarços. Tem em sua frágil esponja o som dos sapatos que o atravessaram. O musgo é a campainha dos pés. Não é fácil procurar o corpo. Por estar sempre à disposição, o corpo confunde. Ver o corpo não é chamá-lo. Por isso, tardamos a descobrir o que o corpo sente. Precisa vir um amor para me ensinar o próprio corpo. O corpo se maravilha de visita. Meu corpo só se enxerga sendo admirado por uma mulher. Em mim, o corpo é cego. Tanta faz que tenha passado trinta anos com o meu corpo, o corpo não acorda com a minha voz. Quem não doa o corpo, não pode recuperá-lo. Eu sou adepto do corpo. O corpo me ensina mais humildade do que a alma. O cansaço do corpo. Os limites do corpo. Os senões do corpo. Os serões do corpo. O corpo me dobra e me convalesce. O corpo manda, não avisa. Por ele, sei quando devo voltar. Quando devo parar. Quando devo me ajoelhar. Quando devo desistir. Quando devo recomeçar. A alma não, sempre me pede o que não posso fazer. A alma me mata. A alma me condena a não me contentar. A alma é ambiciosa, insatisfeita. No verão, olhava com compaixão os cachorros e os gatos, com sua enormidade de pêlos. No inverno, eles deveriam me olhar com espanto piedoso, estranhando aquele ser imensamente depilado. O corpo é estranho para quem não pensa com ele. O corpo me adapta a morar onde não quero, a criar desejos do nada. O corpo é uma insignificância imaginária. Vejo o modo como ela põe os cabelos para trás, e o corpo quer ser a concha de sua mão. Vejo o modo como ela morde os lábios e o corpo quer ser seu dente da frente. Vejo o modo como ela afasta os quadris e o corpo amarra as duas pernas. Os corpos se esclarecem, as almas complicam. Os corpos não mentem, as almas fogem. Não há como esconder um corpo. O corpo e sua alegria muscular. O corpo e sua euforia de veias. O corpo e sua chuva de olhos no escuro. O corpo me envelhece e me põe a exercitar outras virtudes. Ele muda, mas não me troca. Quando amo, sou inteiro corpo. Muito mais corpo do que alma. O corpo não precisa esperar a noite por uma mulher. O corpo já tem a noite dentro de si. Beije o corpo com suor, não com os lábios. O suor é boca pelo corpo. O corpo se arrepia. A alma se convence. O corpo. O corpo. O corpo. O corpo é essa garrafa que quebro para viver derramado.

filhos


O mundo não tem sentido se se estagnar a humanidade.... Precisamos renovar a frota! Mas meus sais!!! Que tenhamos o bom senso e evoluamos!!!!


Corro o risco enorme de morder a língua mas, - será tão difícil educar?


o que faz um adulto deformar de tal maneira uma criança a ponto dela ficar insuportável em alguns momentos? A própria deformação pessoal. E tem remédio? Espero que sim.


Afff

quinta-feira, abril 12, 2007

Mulheres


minhas mulheres...

vocês sabem do que eu digo...

Cada qual sabe como é minha mulher...


cada uma com sua singeleza, sua beleza, sua melancolia linda e doce...


Umas com dores de amor fraterno trincado, umas com corações ardentes e frenéticos, tanto por desejar o mundo e ter "só" uma vida para alcançá-lo, ou por abdicar do todo para ter de fato e intensamente uma partícula (a que detém toda a potência cósmica, esteja bem entendido!)...


Enfim...

minhas mulheres...


Adoro tê-las, vê-las, catalogá-las, empilhá-las, despi-las, virá-las, retorcê-las, tocá-las, amá-las, ouvi-las, cheirá-las, sorvê-las, degluti-las, regurgitá-las, entendê-las, questioná-las, compará-las...


Vocês são minha biblioteca viva.


O que sei sobre ser mulher, ser humana, aprendi com vocês.


Obrigada Maria, Kátia, Cláudia, Regina, Eduarda, Paulina, Regiane, Silvana, Hozana, Elaine, Cida, Lúcia, Socorro, Penha, Anahide, Helena, Ana Cláudia, Edna, Sandra, Márcia, Carolina...

quarta-feira, abril 11, 2007


Tenho deliciosos pepinos para descascar.


Entregando uma reforma de igreja, elaborando projetos para mais duas, um salão paroquial, um edifício de dez apartamentos e o mais saboroso - aproximadamente trezentas casas ao longo da várzea do Tapajós. E a imensa maioria dos clientes satisfeitos.


Só tem hora boa e valiosa nessa profissão amada!


Ai que gratidão!!!!

terça-feira, abril 10, 2007

Há que se pensar...

Quando não tomava conhecimento de alguns aspectos da existência, portanto não me preocupava, havia a impressão de não saber reconhecer a sorte pela tranquilidade e mansidão que deveria existir.

Certamente tinha de estar em constante estado de felicidade. Se não estava, era neurose obsessiva, compulsão por sofrimento, sei lá o que. No mínimo uma esquisofrenia melancólica crônica. Como sofrer com tanto "dolce fa niente"?

Depois de me desprender de tudo - a verdadeira senhora desatadora de nós (rsrsrs), "la vie en rose" passou a ter cores mais fortes, e passaram a surgir cabelos brancos - toda neurose derreteu-se na cabeça quente, na agitação frenética do atendimento a clientes, reuniões, projetos, solicitações de tantas naturezas e nos amores livres...

Sim, desde que estou por minha conta e risco, tenho tido emoções fortes, mas não as troco por nenhuma suposição de paz .

Ah... tenho cá comigo que SER é isso - ser real, ser inteiro, ser harmônico, ser útil para si e por si.

segunda-feira, março 05, 2007

É você

Ah, meu bem... Se soubesse...
Cada olhar, cada som, cada gesto...
Você
Meu espelho mágico...
Mostrando o passado no futuro
A roda da vida

Só há um transcorrer do tempo

Eu é que hoje sou mais hábil
projeto detalhes, minúcias

Mais lúcida
aprendi iluminar e aplainar caminhos

Mais criança
brinco, não vejo risco

Todo amor é narciso
Seu íntimo já sabe disso

Tem se amado como nunca
Tem se visto inédito

Está amando seu poder
Se vê melhor, mais belo, mais forte, mais seguro

Preservar seu espelho mágico é só o que importa

Enlaçar, emoldurar, proteger, amalgamar...
Criar um mundo ao seu redor...

Materializar essa idéia de perfeição

A concretude da forma de dizer
não anula o valor desse universo novo
Ao contrário, lança a primeira matéria sólida
na construção do nosso ninho real

E o sonho é exatamente esse
Erigir nosso templo com materiais
preciosos, nobres e eternos

Verdade, Amor, Respeito e Caráter











terça-feira, fevereiro 13, 2007

sábado, fevereiro 10, 2007

sexta-feira, janeiro 26, 2007

"A insegurança é a pior sensação para dois amantes: às vezes, o casamento mais monótono e destituído de desejo parece preferível. A insegurança torce o sentido das coisas e aniquila a confiança." do livro " Fim de Caso", de Graham Greene