Na Veja de 28 de novembro, Stephen Kanitz aborda um dos meus temas preferidos -
A Verdade.
Sob o título de "Como combater a arrogância", discorre acerca das posturas daqueles que ocuparam por mais tempo bancos escolares, ou bancos escolares extremamente caros por todo o mundo. Essas pessoas em geral, são irredutíveis no preconceito de que sempre sabem o que é certo e portanto são inquestionáveis.
A meu ver, o mais interessante é a colocação de que, no Brasil, a tal cordialidade que nos caracteriza, é entendida pela aceitação sem questionamento de tudo que "vem de cima" (esse "cima", entendido por pessoas mais estudadas, com mais dinheiro, com a pele branca, estrangeiros, socialmente influentes...)
Filho de inglesa, ele afirma que na Europa e nos EUA, o
feedback é muito mais valorizado que a sentença imóvel e absoluta.
Já o brasileiro médio, não retruca qualquer informação que lhe chega.
Se vai a um lugar que ele pressupõe ter fila, é capaz de enfrentá-la por horas sem mesmo ter certeza se precisaria estar ali. E o seu universo vai sendo truncado por tantos obstáculos, que é preferível não fazer nada, a arriscar-se por essas "lombadas".
Pessoas que questionam, que se posicionam, que emitem opiniões
e estão abertas a ouvir todas as opiniões, são tidas como corajosas ou arrogantes. Daí eu discordar da afirmação de que se deve combater a arrogância e ponto final.
Qual arrogância? A de pessoas determinadas, destemidas, executoras? E garantir um aglomerado de seres em dúvidas constantes e imobilizadoras? Deve haver uma medida equilibrada entre a dúvida e a certeza, que permita a pessoa andar a passos firmes, e claro, não pisando sobre cabeças.
Talvez essa medida seja a
Ética.