sábado, dezembro 29, 2007

Tempo



És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Vou te fazer um pedido
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Entro num acordo contigo

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
És um dos deuses mais lindos
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Ouve bem o que te digo

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Quando o tempo for propício
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
E eu espalhe benefícios

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Apenas contigo e comigo
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Não serei nem terás sido

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Num outro nível de vínculo
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...



Meu jovem Príncipe, me perdoe... por me deixar cativar...

E foi então que apareceu a raposa:
__Bom dia,disse a raposa.
__Bom dia,respondeu polidamente o principezinho,que se voltou,mas não viu nada.
Eu estou aqui,disse a voz,debaixo da macieira...
__Quem és tu?perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
__Sou uma raposa,disse a raposa.
__Vem brincar comigo,propôs o principezinho. Estou tão triste...
__Eu não posso brincar contigo,disse a raposa. Não me cativaram ainda.
__Ah! desculpa,disse o principezinho. Após uma reflexão,acrescentou:


__Que quer dizer "cativar"?


__Tu não és daqui,disse a raposa.Que procuras?
__Procuro os homens,disse o principezinho.Que quer dizer "cativar"?
__Os homens,disse a raposa,têm fuzis e caçam. É bem incômodo!Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem.Tu procuras galinhas?
__Não,disse o principezinho.Eu procuro amigos.Que quer dizer "cativar"?


__É uma coisa muito esquecida,disse a raposa.Significa "criar laços...".


__Criar laços?
__Exatamente,disse a raposa.Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos.E eu não tenho necessidade de ti.E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativas,nós teremos necessidade um do outro.Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...

__Começo a compreender,disse o principezinho...Existe uma flor...eu creio que ela me cativou...
__É possível,disse a raposa.Vê-se tanta coisa na Terra...
__Oh! não foi na Terra,disse o principezinho.

A raposa pareceu intrigada:
__Num outro planeta?
__Sim.
__Há caçadores nesse planeta?
__Não.
__Que bom.E galinhas?
__Também não.
__Nada é perfeito,suspirou a raposa.
Mas a raposa voltou à sua idéia:


__Minha vida é monótona. Eu caço galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também.E por isso me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca,como se fosse música. E depois,olha! Vês lá longe,os campos de trigo? Eu não como pão.O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo,que é dourado,fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
__Por favor...cativa-me! disse ela.

E continuou:

- Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."

__Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
__A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo,cativa-me!
__Que é preciso fazer?perguntou o principezinho.

__É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei para o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas,cada dia, te sentarás mais perto...

No dia seguinte o principezinho voltou.

__Teria sido melhor voltares à mesma hora,disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, ais eu me sentirei feliz. Às quatro horas então,estarei inquieta e agitada:

descobrirei o preço da felicidade!

de Antoine Saint-Exupèry, A raposa e o Príncipe



sexta-feira, dezembro 28, 2007

Feliz Ano Novo

MSF tem uma clínica móvel para tratar casos de malária. No período da seca, a equipe usa caminhões para se deslocar e na estação chuvosa, barcos. Se o paciente estiver em má condição, a equipe o leva para passar a noite recebendo tratamento. No final do dia, mãe e filho são levados a um hotel para passar a noite com MSF. O menino está muito doente para ir para casa. Mianmar (Marco van Hal)

Que esse momento de passagem faça-nos lembrar que somos todos membros de um único corpo - Terra - e que não devemos continuar a adoecer por negligência.

Que a falta de saúde física, moral e intelectual seja dirimida de todos corações em 2008.


quinta-feira, dezembro 20, 2007

Meu bichano

Rapá! Que coisinha!

Não resisti a esse cuti cuti e adotei o tigrinho! O nome dele é Boni, de Bonifácio.

Mexa com o mouse sobre ele. Vai brincar com você. E no lado direito d espacinho dele tem um pedaço de carne. Pegue e aproxime dele. Vai comer tudinho!

Estou tão sensível a ele! Será o espírito de Natal!?

quarta-feira, dezembro 19, 2007

Ainda mais sobre meu umbigo


Afora perceber que pouco conheço o mundo além de meu umbigo, e por vezes até ele me soar estranho, volto a falar sobre minhas idiossincrasias.

Tenho falado demais. Nooooosssssa como tenho falado! Estou incomodada pelo tanto que estou falando.

Escrever são outros quinhentos. Há uma vírgula de pensamento no ato de escrever.

Agora... a boca quando se movimenta... eita bichinha sagaz! A língua cria vida dentro da boca, e tasca-lhe articular palavras... Um descontrole!

Para 2008 um dos propósitos será falar menos. Mies van der Rohe é que está certo - "menos é mais" sempre!

Depurar. Destilar. Reduzir. Meditar...

segunda-feira, dezembro 17, 2007

O simples


Tenho cá minhas idiossincrasias.

Tantas vezes as coisas estão caindo à tijoladas sobre minha cabeça e nem sinto. Por outras, como hoje; um fragmento de música, singela, sutil, delicada feito pluma - me derruba, faz faltar-me o ar!

I'm stuck here in the darkness
Blinded by all the light
Eu estou preso aqui no escuro
Cego por tanta luz

E não é de hoje, que essa imensidão me cega!

É tanto exagero de detalhes, de nuances, de querenças, de humores, de desejos, de sofreguidão... É tudo tão hiper-mega-blaster-master-ultra-super-over! É luz demais para poder enxergar qualquer coisa!

Por favor - luz de abajur, murmúrio de água, chocolate quente, banhinho tomado, baby doll e meias brancas...

Desejo "menos" para todos essa semana!


quarta-feira, dezembro 05, 2007

A cordialidade e o cordeirismo

Na Veja de 28 de novembro, Stephen Kanitz aborda um dos meus temas preferidos - A Verdade.

Sob o título de "Como combater a arrogância", discorre acerca das posturas daqueles que ocuparam por mais tempo bancos escolares, ou bancos escolares extremamente caros por todo o mundo. Essas pessoas em geral, são irredutíveis no preconceito de que sempre sabem o que é certo e portanto são inquestionáveis.

A meu ver, o mais interessante é a colocação de que, no Brasil, a tal cordialidade que nos caracteriza, é entendida pela aceitação sem questionamento de tudo que "vem de cima" (esse "cima", entendido por pessoas mais estudadas, com mais dinheiro, com a pele branca, estrangeiros, socialmente influentes...)

Filho de inglesa, ele afirma que na Europa e nos EUA, o feedback é muito mais valorizado que a sentença imóvel e absoluta.

Já o brasileiro médio, não retruca qualquer informação que lhe chega.

Se vai a um lugar que ele pressupõe ter fila, é capaz de enfrentá-la por horas sem mesmo ter certeza se precisaria estar ali. E o seu universo vai sendo truncado por tantos obstáculos, que é preferível não fazer nada, a arriscar-se por essas "lombadas".

Pessoas que questionam, que se posicionam, que emitem opiniões e estão abertas a ouvir todas as opiniões, são tidas como corajosas ou arrogantes. Daí eu discordar da afirmação de que se deve combater a arrogância e ponto final.

Qual arrogância? A de pessoas determinadas, destemidas, executoras? E garantir um aglomerado de seres em dúvidas constantes e imobilizadoras? Deve haver uma medida equilibrada entre a dúvida e a certeza, que permita a pessoa andar a passos firmes, e claro, não pisando sobre cabeças.

Talvez essa medida seja a Ética.

terça-feira, dezembro 04, 2007

Basicamente humano


Ainda estou deglutindo tudo o que vi passar.


Assisti neste final de semana, a riquezas - belezas - altitudes - profundidades - larguras - extensões, todo o cintilar da vida humana pulsante, enérgica e confusa ... muito confusa.


Sei que eles se resolverão da melhor forma, porque qualquer resolução é melhor que indefinições, e vi que estavam "resolvidos a resolver".


E de obviedades se faz o mundo... Frases feitas, replicantes no fundo da alma de qualquer mortal. O "Tao" contém a originalidade do ator e sobretudo o olhar do espectador. São minhas experiências, minhas vivências que vão embasar meu olhar.


Da platéia narrei para os atores, o enredo de outra peça que já havia visto sobre os mesmos temas. Tive ganas de dar uma de diretor, quebrar a claquete... mandar parar tudo, pedir concentração e menos luzes no palco.


Mas fechei os olhos e vi ... não era ensaio. Simplismente eram os atores nus em pêlo, em cena dramática, tentando fazer parecer fácil tudo aquilo.


Penso que não era.