quinta-feira, janeiro 31, 2008

Da liberdade


Li que os cargos diretores gravitam em torno daqueles que tem a segurança e liberdade de dizer o que pensam.

Um outro, dizia que liberdade é não ter vergonha de ser quem se é.

Sendo assim, qualquer hora dessas...

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Uma mina linda mano!



Visitei este lugar no meio da floresta. Aqui são apenas duas perspectivas de um todo, no meio da floresta amazônica. Tive que abstrair toda informação e mais uma gama de suposições acerca do prejuízo ambiental que a atividade ali exercida provoca e ficar apenas com a imagem da beleza e da grandeza da flora, fauna e dos homens que ali se propõe vencer quase 60m de desnível e construir uma estrutura civil.

Impressionante...

sexta-feira, janeiro 18, 2008

e aí...

Viver é mais como ser a bailarina em pleno solo,- concentrada, vigilante, ensaiada; ou um membro da turba delirante na entrada do estádio de futebol, na final de Corinthians e Palmeiras?

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Remediar o irremediável

... E se fosse apontar toda vez que a "hipocrisia retumbante" se manisfestasse, esse blog não trataria de outra coisa. De modo que desde sempre e a partir de agora, todo seu conteúdo dispõe de sua devida dose de hipocrisia, especialmente sob efeito profilático.

sábado, janeiro 05, 2008

Os otários necessários

"Gosto de repetir a frase de um personagem de John Le Carré que diz que ama a hipocrisia porque é o mais próximo que o homem jamais chegará da virtude. Não é a frase de um moralista desencantado, que odiaria qualquer substituto da virtude, ou de um cético terminal, que não amaria a virtude nem fantasiada. É a frase de quem acha que a moral de mentira é melhor do que moral nenhuma. Que concorda que se Deus não existe, tudo é permitido - para citar outro personagem literário -, mas acrescenta: inclusive viver como se Deus existisse.

O Nelson Rodrigues atualizou a frase do Dostoievski, e no meio de uma suruba federal (acho que a peça é do tempo em que o Rio ainda era a capital do Brasil, uma capital da qual ninguém fugia nos fins de semana), um dos seus personagens grita: " Se Vinícius de Moraes existe, tudo é permitido!" Mas nem a ausência de Deus ou a doce devassidão dos poetas vence a necessidade de fingir que vivemos num universo moral, portanto, de sermos hipócritas praticantes.

A frase sobre o amor à hipocrisia poderia ser de qualquer brasileiro decidido a resistir à desesperança e ao cinismo, por mais que o provoquem. Não somos otários, como pensam. Somos hipócritas. Isto é, otários conscientes, otários assumidos, otários porque o contrário seria sucumbir ao amoralismo dos outros. Otários porque alguém neste país tem que fingir que é virtuoso. Para que a hipocrisia funcione e nos salve do caos é preciso que a maioria faça seu papel: de otários. Essa elite é essa elite porque há anos logra os otários, ela não existiria se os otários não estivessem compenetrados no seu papel. Aqui ninguém é otário por ingenuidade, é tudo simulação, tudo estratégia. São os otários que sustentam a República.

No Brasil, a hipocrisia é uma forma de patriotismo.
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Esse artigo foi lapidado por Fernando Veríssimo no jornal O Estado de São Paulo de 11/02/2000. Entre os escombros de minha última mudança, encontrei esse recorte amarelado. Tão atual como se fosse escrito ontem. Tão mais pungente se visto pelo caleidoscópido da Região Norte.

Estar no Pará - um estado moribundo, provoca sensações dicotômicas. Ora se quer fazer transfusão com o próprio sangue para salvar o doente, ora se deseja que ele sucumba de vez e conclua essa morte dramática que se arrasta desde seu nascimento.

Vivi uma tragicomédia ontem. Saimos, minha mãe e uma santarena para comprar peixe. A "peixaria" é uma bancada de zinco perfurada, instalada na calçada de uma avenida. Escolhido o peixe acondicionado num isopor, o "peixeiro" vai até a beira da calçada e pega um pedaço de madeira escura e limosa do chão, com toda a areia e folhas junto, põe sobre a bancada e tasca o facão no peixe! E comenta que está com uma gripe daquelas!!! Pega o peixe, mergulha num balde para "higienizar", e numa sacola plástica, recebemos a iguaria. Sem cerimônia recebe o dinheiro e faz o troco.

Em delírios de contaminação, faço interjeições para a santarena, que não compre a "coisa", e ela toda encabulada, faz que não me ouve (nem ela nem o vendedor). Já numa distância segura onde o "peixeiro" não nos pudesse ouvir, ela comenta jocosamente que nunca mais sairá comigo, para passar vergonha, porque eu sou muito nojenta!!!! -Aqui as coisas são assim! Isso é o ganha pão dele! Você não viu nada. No Tablado (peixarias sobre o rio) é muito pior.... são as deliberações da cidadã na defesa do seu modus vivendis.

Quando esse estado de coisas está incrustrado nos ossos de todo idivíduo de uma região, parece ficar impossível reverter a curva descendente. Partindo disso, só podemos esperar o pior. E essa frase: "- Aqui as coisas são assim", é de uma indolência, uma ignorância de dar raiva.

Bem, de fato, F. Veríssimo estará atual ad eternum em qualquer lugar onde a hipocrisia for uma forma de patriotismo.